Dr. Luciano Wolf Fedrizzi

Cicatrização do manguito rotador

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Cicatrização do manguito rotador

Cicatrização dos tendões manguito rotador: falha e relesão

O índice de satisfação da cirurgia do manguito rotador varia de 65 a 93% 2,8 . Mas nem todos os tendões do manguito rotador cicatrizam. Existem taxas de falha dessa cicatrização que variam de 10 a 94% 1,3 . Essa falha não está relacionada necessariamente relacionada à questões técnicas, como o tipo de cirurgia (aberta ou por artroscopia).

Por que alguns tendões do manguito rotador não cicatrizaram ou apresentaram relesão?

Existem inúmeros motivos para que exista maior risco de um tendão do manguito rotador não cicatrizar ou apresentar uma relesão. De acordo com estudos mais atuais, a idade mais avançada, o grau de atrofia do músculo e gravidade da extensão e retração do tendão são os motivos mais importantes 5. Algumas doenças, com o diabetes e a artrite reumatoide, podem diminuir cicatrização. Hábitos como o tabagismo ou uso de algumas medicações também podem aumentar o risco de falha. Outro motivo importante da falha da cirurgia do manguito rotador está relacionado ao não seguimento da imobilização adequada com a tipoia no pós-operatório.

Quais são as roturas do manguito rotador com maior risco de falha?

Os tendões do manguito apresentam um risco de progressão após sua rotura. Não sabemos exatamente quais padrões de lesão vão progredir e qual o tempo exato que essa progressão pode levar. Alguns estudos demonstram que a degeneração dos músculos pode progredir de gravidade em cerca 1 ano 4 .

Também não se sabe exatamente como evitar essa progressão, pois poucos estudos científicos avaliam a influência das atividades na progressão da rotura do manguito.

Supõe-se que alguns movimentos repetitivos, atividades físicas e esportes poderiam aumentar o risco dessa progressão. Traumas, como uma queda com a mão espalmada, ou um esforço súbito, como levantar um objeto pesado, são fatores que podem aumentar subitamente o grau de retração e extensão das roturas do manguito.


 As lesões extensas são aquelas que acometem ou mais tendões e podem apresentar maior retração. Nessas roturas, o risco de falha da cicatrização do tendão é significativamente maior .

O que é a atrofia ou degeneração gordurosa do manguito rotador?

A atrofia do músculo e a gravidade da retração e extensão do manguito rotador podem estar relacionadas entre si. Quando uma lesão do manguito rotador progride ou é crônica (antiga), o músculo pode sofrer alterações degenerativas, ficando atrofiado e preenchido por gordura. Existe também o risco do ombro progredir para uma degeneração da cartilagem, doença descrita como artropatia do manguito rotador.

 

Existem controvérsias sobre a possibilidade dessa atrofia ser revertida com a cirurgia de reparo do manguito rotador. De qualquer modo, quanto pior a degeneração gordurosa, maior o risco de falha da cicatrização completa desses tendões. No entanto, mesmo que ocorra uma falha ou cicatrização parcial do manguito rotador, a dor e a fraqueza pré-operatória podem apresentar melhora.

Por que mesmo após uma rerrotura do manguito rotador, a dor e função do ombro podem apresentar melhora?

Existem estudos científicos de boa qualidade demonstrando que, mesmo após um rerrotura do manguito rotador, dor e função do ombro podem apresentar melhora. Existem alguns motivos para isso ocorrer, sendo um deles, a estabilização das bordas da lesão, também descrito como os pilares do ombro. Essas bordas íntegras poderiam funcionar como os pilares de uma ponte pênsil, permitindo que a biomecânica do ombro seja restaurada.

Entretanto, alguns pacientes podem apresentar piora dos sintomas após a rerrotura dos tendões, como perda de força para levantar o braço ou dor crônica. Nesses casos, algum tratamento é necessário.

O que fazer após a rerrotura ou falha da cirurgia do manguito rotador?

Existem diversas opções que dependem da gravidade dos sintomas, idade, grau de degeneração gordurosa, tendões acometidos e presença de artrose. Um médico especialista deverá discutir o risco x benefício de cada abordagem.

  1. Tratamento conservador. Uma opção comum é a realização apenas do tratamento conservador e acompanhamento médico periódico, principalmente em indivíduos sem ou com poucos sintomas, com idade mais avançada e com baixa demanda.

  2. Novo reparo do manguito rotador. Outra opção viável é a tentativa de um novo reparo do manguito. A realização de apenas um reparo parcial pode estabilizar a progressão da rotura, restaurando os pilares do ombro, melhorando os sintomas.

  3. Transferências musculares. São cirurgias em que um outro músculo é transferido para a inserção do manguito rotador. Podem apresentar bons resultados, principalmente para o ganho da força de rotação do ombro (lateral ou medial)

  4. Reconstrução da cápsula superior. É uma nova técnica, desenvolvida recentemente e realizada por artroscopia. Consiste na colocação de um enxerto no lugar do tendão do supraespinal.

  5. Artroplastia ou prótese reversa. Consiste em uma técnica de prótese de ombro desenhada exatamente para casos com artrose causada por rotura crônica e extensa do manguito rotador.

Reconstrução da cápsula superior

A reconstrução da cápsula superior é uma técnica descrita por Mihata, no Japão, em 20077. A técnica tem sido popularizada no mundo e ganhou grande impulso por ser uma opção menos invasiva, sendo possível sua realização por artroscopia, e com menor risco de complicações.

Fonte

DR. LUCIANO WOLF FEDRIZZI

CRM/MS 6412 - RQE 4893
Ortopedia e Traumatologia
Cirurgia do Ombro e Cotovelo
Artroscopia do Ombro
Formação:
  • Graduado em Medicina pela Univ. Federal de Mato Grosso do Sul;
  • Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul;
  • Especialização em Cirurgia do Ombro e Cotovelo pela Faculdade de Medicina do ABC;
  • Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia;
  • Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Ombro e Cotovelo